De vez em quando gosto de rever este documentário, que alguns sindicalistas das atividades cinematográficas rodaram no Primeiro de maio de 1974, intermediando as cenas da gigantesca manifestação com algumas outras colhidas no dia em que os cravos saíram dos canos das espingardas.
Sinto saudades desse tempo em que tudo pareceu possível. E era-o numa tal dimensão que não tardei a ter na Elza a perene cúmplice para a invenção do Amor com carácter de urgência, aliando o desejo de utopia no foro pessoal com as desejadas para o mundo em que vivíamos.
De pouco importam as questões de saber se Seixas Santos ou António Pedro Vasconcelos participaram, ou não, na feitura deste documento. Do Glauber Rocha, notável realizador brasileiro, é que não temos dúvidas: foi ele quem recolheu testemunhos de tanta gente cheia de esperança em como a sua torta vida iria encontrar novos e mais prenhes sentidos. E sobre a mensagem de propaganda como não entendê-la com a urgência de quem se vira abrir todo um horizonte diante de si e pretenderia impedir que se voltasse a estreitar.
De responsabilidade coletiva, e imperfeito na urgência com que foi produzido, rodado e montado, As Armas e o Povo é um dos filmes mais genuínos sobre um tempo inolvidável nas nossas vidas.
Sem comentários:
Enviar um comentário