Volto amiúde a esta história por nunca me cansarem as histórias contadas por António Cartaxo, e ainda conservadas no RTP Play. E sempre me rio com a surpresa de uns quantos incautos caçadores (ou aspirantes a tal!) que terão descido o Chiado e vislumbrado a capa de um livro prometedor para as suas expetativas: A Caça aos Coelhos.
Julgariam que iriam obter ensinamentos imprescindíveis para melhor alvejarem os leporídeos e, por isso, prontamente esgotaram aquela edição!
Imagine-se a sua surpresa quando chegaram a casa e abriram as primeiras páginas dando de caras com um opúsculo assinado pelo compositor Fernando Lopes Graça a alinhar argumentos para desconchavar Rui Coelho quanto aos méritos e deméritos das contraditórias posições de ambos perante a forma de encarar a música erudita. Graça, influenciado pelas teses de Bela Bartok apostava numa evolução estética, que dava as conceções do compositor oficial do regime salazarista como completamente fora do seu prazo de validade.
Conservador e fervoroso nacionalista, Coelho pusera-se a jeito ao alimentar nos jornais uma polémica, onde lhe faltavam os apoios da intelectualidade de então, mas lhe garantiriam as reconhecidas tenças do Estado Novo.
Mas, quase por certo desconhecedores de quem era o autor do texto e o seu verberado opositor, os caçadores ter-se-ão sentido ludibriados nas expetativas e dado como perdidos os escudos tão rapidamente desembolsados.
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