sexta-feira, agosto 30, 2024

Histórias Exemplares (XXXVIII): Dos benefícios de mudança de ares

 

Agora que as férias algarvias já passaram, olho para a fotografia colhida por Irving Penn em Cuzco em 1948 e nela - e noutras do mesmo portfolio! -   encontro fundamento na conhecida tese de quanto as viagens podem ser intimamente transformadoras.

Atenhamo-nos às circunstâncias em que ela foi possível: nesse pós-guerra Penn já era um dos principais fotógrafos de moda da revista Vogue quando deslocou-se a Lima para um conjunto de imagens focadas muma das principais modelos de então, garantindo assim a exótica originalidade.

Concluído o trabalho voou para a antiga capital inca e, vencido o torpor das alturas dos primeiros dias, passou a interessar-se pelos rostos e expressões corporais de quem ali vivia. Em vez dos famosos, que já por ele se faziam retratar, era a gente do povo a interessá-lo num registo antropológico, que continuaria a interessá-lo nos anos seguintes, quando convocou trabalhadores de várias geografias a posarem perante a câmara a fim de testemunharem os seus ofícios

Menos conhecida do que os seus retratos mais icónicos, essa vertente da obra não deixa de ser ilustrativa de outros caminhos criativos, que a viagem a Cuzco pareceu anunciar... 

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