Nunca dei particular atenção à obra de Thomas Brasch, que enquadrei naquele grupo de dissidentes este-alemães, que nem gostavam do regime do seu lado, nem do capitalista, cujas delícias não vislumbraram, quando mudaram de geografia.
Foi sem grande expetativa, que iniciei a apreciação do documentário sobre ele realizado por Christoph Rüter como resultado das conversas trocadas durante cerca de vinte anos, e de muitos documentos de arquivo por ele consultados e reproduzidos. Confirmando-se o que já sabia sobre esse escritor e cineasta, autor de obra volumosa mal conhecida, e com origens judaicas sentidas como um estigma a questionar, mormente sobre a forma como a memória da Shoah é utilizada e transmitida. E, no entanto, ele era filho de um dos principais responsáveis políticos da RDA usufruindo de uma educação privilegiada como era a facultada à sua futura elite.
O que está em causa em Brasch é o individualismo, que a nada conduz. Por isso, e até ao seu desaparecimento em novembro de 2001, sempre o assombraram medos incuráveis a par do desejo de uma transformação política e social para a qual a sua obra em nada contribuiu.
Por muito que tenha contestado essa realidade, não se vislumbra alternativa a que sejam as ações coletivas a contribuírem para a resolução das injustiças do mundo atual. Há, por isso, lutas espúrias, que na melhor das hipóteses a nada conduzem e, nos casos mais trágicos, acabam por beneficiar os mesmos do costume...
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