Pode um texto entusiasmar na primeira metade e desiludir na parte restante?
Pode e demonstra-o o dedicado por Dulce Maria Cardoso a um episódio deste “correr escangalhado das nossas vidas” de que são feitos os dias e emudece o medo.
No texto em causa , inserido na Visão desta semana, ela fala do injusto cancro surgido num amigo que, já em miúdo, definia a alegria como “dar gritos de cowboy em campos pintados de amarelo”.
O panegírico aos méritos milagreiros de Fátima veio, porém, incomodar-me enquanto ateu, que olha com sobranceiramente para quem se rende a algo tão absurdo como o é uma qualquer entidade divina. Ser alguém de irrefutável inteligência a fazê-lo torna essa constatação ainda mais paradoxal. Porque, nunca nos muitos apertos com que a vida me brindou, encontrei justificação para entregar a celestial providência a solução para o que só a mim incumbia enfrentar ... e resolver!
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