1. Por estes dias surgirá a biografia que Patrícia Reis escreveu sobre Maria Teresa Horta. E foi esse um dos fundamentos para dar a esta a direção do «Público» por um dia para um número dedicado à condição feminina em Portugal que, no seu dizer, continua muito aquém nos direitos, daquilo que Revolução de Abril chegou a prenunciar.
Embora nem a biógrafa, nem a biografada, me mereçam rendida simpatia - a segunda pelo que de Saramago exprimiu em tempos a propósito da ligação a Pilar del Rio! - devo reconhecer a enorme coragem de quem andou a subverter as emperradas consciências do Estado Novo, por isso sofrendo agressões e prisões de machos latinos e pides, e culminando na coautoria das Novas Cartas Portuguesas, que lhe valeu amplo reconhecimento além-fronteiras.
A exemplo de alguns dos confrades masculinos da mesma época - gente da têmpera de um Urbano ou um Baptista Bastos! - Maria Teresa Horta vem de um tempo em que a bravura conseguia vencer o medo e se dizia Não a uma odiosa realidade.
2. As Galápagos permitiram a Charles Darwin concretizar muitas das ideias, que o levariam a criar as teorias sobre a origem e a evolução das espécies. E, quase pela mesma altura, ali aportou o jovem Herman Melville para também viver uma peculiar forma de revelação desencantada quanto à natureza humana. O que ali viu deu-lhe o ensejo de publicar um livro de viagens - As Ilhas Encantadas - mas, sobretudo, o de configurar personagens futuros para os quais teve presente a figura de um eremita de mau carácter na ilha de Floriana, cuja misantropia ainda ecoava na memória das poucas gentes, que ali habitavam nesse ano de 1841.
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