Pode a paisagem assoberbar um autor de forma a deixá-lo incapaz de nela escolher que melhor ficção dela reportará?
Terá sido isso o que sentiu Gustave Flaubert no verão de 1850 quando, ainda andando pelos trinta anos, regressou do Egito fazendo escala na Grécia.
Não é que tenha desperdiçado a oportunidade perdendo-se nos muitos motivos por que o recém-independente país poderia fascina-lo. Pelo contrário procurou Édipo em Delfos ou o local onde decorrera a batalha das Termópilas, mesmo que atulhado pelas camadas de sedimentos neles acumulados por tantos séculos entretanto passados, ou pior, desvirtuados pela destruição operada pelo cego fanatismo cristão.
Quando se despediu do espaço helénico, Flaubert apenas trouxe consigo as notas, que incluiria nos seus testemunhos de viajante, apostando o ofício de romancista noutras civilizações - nomeadamente a de Cartago em Salambô - que menos dispersão criativa lhe suscitaria.
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