Há já uns bons anos íamos na estrada de Manteigas par Gouveia para almoçarmos o afamado arroz de feijão com entrecosto, quando vi um carro às cambalhotas na nossa direção.
Ciente de ser preferível receber o choque parado do que em colisão parei o carro e aguardei pelo que sucedesse.
Felizmente ele fez-nos uma tangente e foi parar na posição normal já fora da estrada. De lá de dentro saiu um rapariga aos gritos contra o condutor, um rapaz manifestamente imprudente na tentativa de lhe revelar a perícia ao volante.
Uma vez mais eu vira cumprido um dos ensinamentos propiciados pela experiência profissional: perante o que não se controla mais vale não nos precipitarmos e, aguardando a forma como evolui, logo encontrar a reação mais prudente.
Pode ter sido isso que sucedeu ao britânico Harry Shimmin quando, em 2022, sobreviveu - com mais nove norte-americanos - a uma avalancha de neve, quando percorriam uma zona montanhosa do Quirguistão. Embora submerso pela neve e pela poeira, saiu incólume da inesperada experiência.
Ainda assim não deixa de fazer sentido a questão posta por muitos internautas confrontados com a filmagem do sucedido, quanto a ter ou não sido mais inteligente parar com a recolha do testemunho e pôr-se a correr dali para fora. Na mesma linha, aliás, dos que se questionaram porque, durante o tsunami do Natal de 2004, houvesse quem persistisse em filmar as águas, que os iriam tragar.
No seu carácter viral as imagens de Shimmin ilustram uma outra abordagem adicional: a de existir uma potencial diferença entre o lado aprazível das viagens pelas montanhas, tais quais são publicitadas pelas agências turísticas, e os riscos de vida que, de facto, comportam.
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