A peça artística já tem uns bons anos e vimo-la na Gulbenkian, na galeria do piso inferior do Edifício principal, junto ao bengaleiro, onde agora se contrapõem as obras de Rui Chafes e Alberto Giacometti.
A exposição era sobre a arte contemporânea portuguesa e, logo à entrada, ouvíamos um som distante, algures lá no fundo e que ia-se tornando mais nítido à medida, que percorríamos as várias obras e ficava mais próxima a origem daquele que se clarificava como tema conhecido dos Kraftwerk: We are the robots.
Era uma proposta de videoarte de Noé Sendas, sempre no propósito de questionar as noções de identidade e de autoria, recorrendo a um coro para interpretar o hit do grupo de Dusseldorf, transcendendo-lhe a condição de sucesso pop para o converter numa metamorfose ao seu sentido original.
Terá sido essa a primeira vez que valorizei a música dos Kraftwerk como algo mais do que um tipo de som escutado com agrado no intervalo de outros de mais canónico agrado, porque enquadrados no jazz ou na tradição erudita (mesmo que contemporânea).
Valorizei então a vertente inovadora de quem recorria aos computadores para substituir os instrumentos, embora não me entusiasmasse a acrítica rendição à tecnologia como resposta para aceder a utopias, que as ideologias transformadoras estavam distantes de anunciar. Ou à opção da língua alemã para expressar mensagens curtas, que tendiam a anunciar semióticas, que colidiam com as convicções de, só mediante alinhamento detalhado de razões, terem efeito as mensagens, que importa disseminar entre quem se quer alinhado com os imperativos das mudanças sociais.
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