Durante muitos anos Rafael foi considerado o príncipe dos pintores da Renascença. O seu quadro «Escola de Atenas», em exposição no Vaticano, era tão considerado quanto a «Mona Lisa» ou o «David» de Michelangelo no conceito de obras-primas absolutas.
Mudaram-se os tempos, mudaram-se as vontades, e com elas a forma de apreciar a arte dessa época distante. Mas a exposição dos seus desenhos, a decorrer até 3 de setembro no Museu Asmolean de Oxford, procura resgatá-lo da subalternidade, ao revelar-lhe a capacidade de captar ações e emoções com inesgotável criatividade. Apreciam-se essas obras e é como se as figuras nelas retratadas tivessem o poder de, subitamente, ganharem vida. É o caso de um estudo da cabeça de um jovem apóstolo (São Tiago?) para o retábulo da «Coroação da Virgem» destinado a uma igreja de Perugia.
No quadro ele surge junto ao túmulo da Virgem e olha fixamente para cima, para ver Jesus a coroá-la rainha dos céus. No desenho todas as linhas acrescentam deslumbre a esse olhar extasiado, que se complementa com a suavidade dos lábios separados ou com as sombras no seu pescoço.
Quando criou esse quadro, o jovem Rafael parecia acreditar na importância da emoção, mas ao transitar os estudos para a pintura completa, diluía-a para acentuar o primado do idealismo platónico.
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