Há quem afiance que todas as estórias já estão contadas sendo praticamente impossível ao mais imaginativo dos escritores encontrar uma ideia original para servir de suporte ao seu imaginário. Estamos forçados a repetir-nos, a copiar-nos, a plagiarmo-nos, mesmo sem o sabermos. E, no entanto, de vez em quando surgem-nos diante dos olhos algumas propostas, que pensamos no quanto estão bem concebidas, diferenciando-se de tudo quanto até ali conhecêramos.
Um desses casos mais recentes é «A Língua de Fora», o livro que o brasileiro Juva Batella publicou em Portugal no passado mês de junho e sujeito a uma escassa divulgação junto dos seus potenciais leitores.
Em primeiro lugar quem mais ganharia com o seu conhecimento seriam os alunos do Ensino Secundário a contas com as atávicas dificuldades na Língua Portuguesa. Mas, para além desse grupo etário, qualquer adulto encontra mais do que motivos de interesse para ler rapidamente o livro, que começa com a linda Língua Portuguesa encerrada numa torre à espera de um noivo mítico, o Idioma. Quem a tenta assediar e conquistar é o Tom Coloquial, jovem revolucionário apostado em sabotar a ditadura do Verbo.
Graças a muito humor e a citações habilmente doseadas, temos um romance movimentado com a Língua Portuguesa como personagem principal e muitas outras, retiradas da Gramática a fazerem figura de secundários ou figurantes.
Juva Batella, que viveu em Portugal durante uns anos e é hoje um dos criativos da Tv Globo é autor de uma das mais surpreendentes propostas literárias do ano!
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