Contamos entre nós com belos jardins da autoria de excelentes arquitetos paisagistas, mas quando olhamos para outros existentes noutras geografias, temos de reconhecer quanto temos pecado pela falta de ambição e de recursos para nos conseguirmos a eles equiparar.
O Jardim da Especulação Cósmica, que o casal Maggie e Charles Jencks construíram nos doze hectares da sua propriedade no sul da Escócia é disso um bom exemplo. Inspirado pelas ciências e pelas matemáticas, alia as técnicas da Land Art com esculturas destinadas a ilustrar temas tão ambiciosos como os fractais ou os buracos negros.
Não se pensem ali encontrar geometrias ao estilo do jardim inglês ou italiano: as simetrias e as curvas não são as das formas mais simples, adotando as perspetivas dos movimentos dinâmicos no sentido centrípeto ou centrífugo. Pretende-se dar forma visual à existência de universos paralelos ou da influência da gravidade nos movimentos da matéria. O infinitamente grande tem a primazia, mas o seu inverso também lá cabe. À exuberância das plantas, que outros jardins ostentam, prefere-se aqui a elegância, a harmonia da justaposição das superfícies no horizonte visual de quem por ali ciranda.
Não é espaço que se possa visitar facilmente, porque foi feito para usufruto dos proprietários, mas abre ao público uma vez por ano para recolher fundos destinados a organizações de luta contra o cancro, a doença que vitimou a cocriadora de tal obra de arte.
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