Se aquando da estreia do primeiro filme da série «Guerra das Estrelas» senti genuíno entusiasmo com uma história assumida por George Lucas, seu realizador, como tendo propósitos político-ideológicos bem discerníveis no enredo, os títulos seguintes foram-me deixando crescentemente indiferente.
Só agora dediquei algum tempo para ver o mais recente dessa saga, intitulado «O Regresso de Jedi». Confesso que, se as expetativas não eram elevadas - apesar de ter o interesse de Carrie Fisher e Mark Hamill retomarem os seus personagens - o que vi não mas fez dilatar.
É claro que os efeitos especiais são excelentes, a caracterização dos extraterrestres convincente e as maquetes passam bem por máquinas verdadeiras. Mas a infantilização dos espectadores, que se sentam nos cinemas a mastigarem pipocas e sem vontade de verem estimuladas as celulazinhas cinzentas, justifica passar-se grande parte da (excessivamente) longa metragem a acompanhar combates cujo resultado final sabemos de antemão qual será. Ao chegarmos ao genérico final é inevitável a sensação de se ter tratado de prato requentado digerido com algum tédio e destinado a ver-se imediatamente esquecido.
Com boa vontade poderemos sempre resgatar a temática anti-imperialista, que Lucas enunciara como importante na génese da história original, e a dialética íntima do mauzão de serviço, Kylo Ren, dividido entre o seu lado sombrio e o que os genes originais lhe tenderiam a impor. Mas toda essa sequência entre o ser-se monstruoso numa parte do filme, cair-se em si e ganhar asas de anjo, para, logo a seguir, voltar aos maus instintos iniciais, acaba por ser demasiado desconcertante para lhe conferirmos a mínima verosimilhança.
Como de costume tudo acaba em bem, os vilões são castigados e os bonzinhos premiados ou não tivessem os argumentistas feito sobressair o maniqueísmo primário, que já estava imbuída na matriz original.
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