quarta-feira, dezembro 31, 2008

Evocar Silvestre Revueltas

Nasceu precisamente há cento e nove anos. Era o último dia do ano do século XIX (embora subsista a discussão de quando se inicia um novo século!) e Silvestre Revueltas era mais um dos filhos de uma família talhada para lançar para o mundo gente que viria a ser influente no mundo das artes e das letras.
Silvestre viria a ter fama de feitio difícil. No entanto o seu talento para a composição musical era imenso e cedo demonstrado em sucessivas obras.
Quando o governo republicano espanhol o convidou para colaborar consigo no que poderia vir a ser o embrião de um projecto artístico de grande alcance, dirigia-se não só ao artista, mas também ao homem político, que tinha uma sólida empatia com as aspirações populares e delas colhia inspiração para a sua obra.
Os tempos eram, porém, difíceis: para os homens de esquerda a década de trinta trará a sensação de um toque a finados por muitas das suas ilusões de um mundo melhor. E Silvestre afundar-se no álcool, na miséria e na doença. Quando morre, de pneumonia, em 1940 - conta a lenda que tinha uma garrafa na mão no seu último alento - o fascismo parecia exuberante nas mais diferentes latitudes.
Quase sete décadas depois a sua música chega-nos, sobretudo, pela mão de entusiasmado divulgador, o jovem maestro venezuelano Gustavo Dudamel, que a executa com a sua Orquestra da Juventude Simon Bolívar. «Sensemaya» ou « A Noite dos Maias» correspondem aos títulos mais conhecidos dessa obra, que se enquadra na escola nacionalista e se considera a mais adequada para vestir de sons a cultura do seu país...

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