sexta-feira, dezembro 09, 2005

UM BAILE ...

Um autêntico baile o que Francisco Louçã deu a um atarantado Cavaco Silva, que revelou, uma vez mais, a sua incapacidade para ter respostas à altura do candidato presidencial do Bloco de Esquerda.
Cavaco foi incapaz de olhar o seu opositor olhos nos olhos, o que revela uma óbvia cobardia.
Cavaco foi incapaz de disfarçar o nervosismo de quem só tem fórmulas gastas para rebater a números concretos de um doutorado em Economia a quem foi incapaz de demonstrar o respeito devido, procurando achincalhá-lo com o tratamento de «deputado Louçã», apesar de se ver tratado de «senhor professor» por quem tem o mesmo grau académico que ele.
Cavaco não se conseguiu dissociar das posições muito bem denunciadas por Louçã a respeito de algumas das mais pertinentes evidências colhidas nas afirmações dos seus apoiantes: Ulrich, que defendia o corte de 10% nas remunerações de todos os trabalhadores; os «iluminados» do «Compromisso Portugal», que defendiam o despedimento puro e duro, sem qualquer entrave para a entidade patronal.
Mas onde Cavaco esteve pior, em tudo quanto de mal se lhe revelou, foi na incapacidade de contrariar o que é a memória dos seus anos de (des)governação:
- a forma como desperdiçou os muitos milhões vindos da Comunidade Europeia para modernizar o país e qualificar os portugueses e se perderam nos muitos exemplos de corrupção então vividos;
- a forma como foi ele quem criou o tal monstro no funcionalismo público, hoje tão difícil de tornear;
- a forma como sempre conviveu com défices orçamentais, que se catalizaram nos extremos agora obrigatoriamente a equilibrar pelo Governo de José Sócrates.
Todos sabemos que cada povo merece os políticos que tem. Mas se a opção dos portugueses for pelo filho do gasolineiro, que não suporta a pressão do debate e todo ele se exprime na tremura das mãos e dos olhos, é caso para ficar descoroçoado com o nosso estado das coisas: em vez da herança dos nossos mais lúcidos antecessores, estaremos antes ao nível dos que nos afundaram nos períodos mais negros da noss História.

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