domingo, junho 18, 2017

(EdH) O fogo de Prometeu

Hesíodo contou-lhe a estória no século VIII a.C. no seu «Teogonia». Prometeu seria, doravante, um dos grandes vultos da mitologia grega, aquele que mais amigo se mostraria dos homens.
Nascido dos amores de Japeto e de Clímene, ele possuía a faculdade de pressentir os acontecimentos antes que ocorressem. Por isso mesmo, quando Zeus se rebelou contra o pai, Cronos, cujo poder ambicionava, ele e o irmão Epimeteu foram os únicos titãs a porem-se do seu lado, porque lhe adivinhavam a vitória. Quando isso sucedeu o Olimpo passou por um período de grande apaziguamento. Ao ponto dos deuses se aborrecerem com tanta monotonia.  Daí que Zeus incumbisse o filho, Hefesto, de criar os homens e os animais. As qualidades de uns e de outros seriam definidas pelos dois titãs, mas Epimeteu apressou-se a gastar todos os recursos disponibilizados por Zeus, investindo-os nos animais: a coragem, a força, a rapidez, a sagacidade e outras capacidades para sobreviverem. Quando Prometeu quis dotar os homens das mesmas e outras qualidades, já elas se tinham esgotado. Por isso ofereceu-lhes o fogo com que se aquecessem, iluminassem, se defendessem e até cozinhassem.
Embora ainda não existissem mulheres, a Humanidade viveu então numa Idade do Ouro: homens e deuses afastavam o tédio em festins constantes para que, mutuamente, se convidavam.
Zeus é que não apreciou essa quase igualdade entre uns e outros e decidiu sonegar aos homens a dádiva, que Prometeu lhes propiciara. Ora este, desobedecendo-lhe, entrou clandestinamente no Olimpo com a ajuda de Atena e foi roubar uma das achas ao fogo sagrado.
Quem poderia conter então a fúria do vingativo deus? Para transformar a vida dos homens num inferno, fez com que, do barro, Hefesto lhes criasse … uma mulher! O feminismo não tinha seguramente boa reputação na mitologia grega!
Pandora, assim se chamava ela, tinha as características nela vertidas por todas as deusas, nomeadamente a incontida curiosidade. Ora Zeus fá-la levar consigo uma caixa com a ordem expressa de nunca a abrir sob pena de acontecerem coisas terríveis. E elas realmente aconteceram, porque Zeus inserira ali todos os males imagináveis: a ganância, as pestes, a inveja, o ciúme, entre muitos outros, doravante à solta entre o género humano. Pandora não resistira à tentação de saber o que dentro dela se continha.
Vendo o seu erro fechou a caixa tão rapidamente quanto possível e por isso ainda lá conseguiu encerrar a desesperança. É essa a razão porque,  mesmo nos cenários mais terríveis, os homens ainda conseguem reatar as forças na expetativa de virem a acontecer melhores tempos.
Igualmente terrível a pena, que Zeus impõs a Prometeu: levado para ser acorrentado ao topo de uma das maiores montanhas do Cáucaso, ele seria continuamente bicado por terrível águia, que lhe devorava o fígado. E diariamente ele se regenerava para que a ave se continuasse a saciar…
Só mais tarde, e adivinhando que o supliciado tinha um segredo importante, que não lhe quisera revelar, Zeus o  mandou libertar dando a Hércules esse como um dos seus famosos doze trabalhos. Foi assim que o pai dos deuses ficou sabedor do que sucederia se persistisse no namoro com Tétis: o filho por ela gerado far-lhe-ia o que ele próprio conspirara contra Cronos. Daí que a nereida tenha sido dada de casamento a um mortal, Peleu, de quem teria um famoso filho: Aquiles.

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