Henning Mankell escreveu este romance em 1992, ainda a queda do Muro de Berlim estava próxima e os efeitos na independência se faziam incertos. Por isso a história congeminada pelo escritor sueco para o seu inspector Walander corre o risco de parecer algo datada. Seja pelo anti sovietismo, que era então uma imagem de marca quase obrigatória nos intelectuais iludidos com a possibilidade do fim da História da luta de classes e a vitória definitiva do capitalismo, seja pela descrição de um ambiente báltico muito condicionado pela herança recente e pela aparente abertura das possibilidades trazidas pela sociedade do consumo.

A opção pelo vale tudo para ceder à tentação do que é «oferecido» pelo mercado torna-se, então, no motor de uma transformação radical de valores e de costumes, que ainda hoje tarda em ganhar alguma estabilização…
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