Contrariando o concurso, que erigiu Salazar como o mais idolatrado português do Século XX - caso de polícia, que deveria ter identificado quem pagou para uns quantos idiotas ligarem vezes a fio para o número de telefone destinado a consagrar essa vigarice! - não seria árdua a tarefa de alinhar argumentos para o consagrar como maior Biltre português desse período. À miséria e à ignorância das populações, que se encarregou de impor, acrescentar-se-iam os muitos crimes cometidos pelos seus braços armados na Pide, na Legião e nas forças militarizadas, que assassinaram milhares de portugueses e africanos em nome de uma ideia de país ultramontano e beato.
Mas, se quisermos acolitar Salazar no pódio dos facínoras do luso século transato não podemos esquecer Sidónio Pais cuja ânsia de poder não conheceu limites, apossando-se do poder com a vontade de nele se comportar como um Rei absoluto.
O seu assassinato no Rossio dá coerência à possibilidade de existirem crimes políticos legítimos quando perpetrados contra quem tão ilegitimamente se comporta. Por exemplo poderia justificar-se o sugerido por estes dias por quem procura um Lee Oswald capaz de travar a distopia para que evolui a dita “democracia” norte-americana e, com ela, a sustentabilidade do planeta.
Quanto ao terceiro lugar no pódio não desdenharia ali ver “consagrado” um outro arrivista vindo de Boliqueime por constituir o mais sombrio legado destes últimos cinquenta anos. As suas malfeitorias confirmam o que em tantos ditadores se confirma: a catarse do complexo de inferioridade por terem nascido na remendada pequena-burguesia e ansiarem pelo conúbio com a endinheirada gente de cujos interesses se fazem provedores.
Basta ver em que tipo de berços nasceram Salazar, Sidónio ou Cavaco!