Iniciei os anos 70 a tentar compreender o mundo em que vivíamos e confesso que, meio século depois, ainda procuro fazê-lo, mas já sem as veleidades quanto ao meu contributo para transformá-lo. Se mal o interpretei - embora já o sabendo eivado de três males convergentes (fascismo, colonialismo, imperialismo), quase em condição semelhante o deixarei daqui a não muitos anos.
Vem isto a propósito do canal franco-alemão ARTE repetir esta tarde a apresentação de Dois Homens e um Destino, filme que muito me agradou nesse longínquo passado, quando as Quinzenas no Monumental ao fim da tarde iam servindo de minicinemateca para quem tanto gostava de filmes.
Na época passaram-me ao lado as críticas negativas por causa da infidelidade de George Roy Hill à verdade histórica sobre os verdadeiros Butch Cassidy e Sundance Kid ou o clima meio-hippie da cavalgada até à Bolívia, onde teria fim a carreira de ambos como assaltantes de bancos e de comboios. Mas sobravam, e continuam a sobrar, argumentos para considerar especial um título, que associo logo à canção de Burt Bacharach quando vemos Paul Newman a passear Katharine Ross de bicicleta (Raindrops keeo fallin’on my head).
Reconheço que sem o trio de atores, que o protagonizaram, o filme seria coisa menor sobre a camaradagem masculina e algumas das suas virtudes. Mas Newman, Redford e a namorada de Dustin Hoffman em A Primeira Noite alavancam-no a um outro patamar. Mesmo que, como será hoje o caso, os tenhamos de apreciar na dobragem em francês.