Para a maioria dos Rommels da Wehrmacht a ditadura de Hitler nunca constituíra problema enquanto os efeitos mais drásticos da sua política tomavam como vítima os judeus e os comunistas. Para tais militares o regime nazi trouxera promoções e agradáveis regalias, que os cegava quanto ao beco sem saída para onde se deixavam cordatamente conduzir.
A consciência antifascista só viria com

Os últimos dois anos de vida do marechal deverão ter sido de enormes angústias pela incapacidade em travar a maré humana armada, que não tardaria a confrontar os alemães com os seus crimes. Pode-se até dar de barato, que só nessa altura ele tivesse tido conhecimento do Holocausto em curso. Mas nada disso o fará inflectir nessa lealdade a Hitler: como soldado ele limita-se a cumprir ordens, só evitando as inevitavelmente gravosas para os seus comandados. Por isso recua em El Alamein, quando a probabilidade de derrota se torna evidente.
Não se justifica assim a criação desse tal mito Rommel de que este filme não se dissocia. Nada na biografia do marechal o distingue de qualquer outro marechal ou general do seu tempo na busca de soluções para evitar um desastre anunciado. E é na plena consciência de se considerar um militar leal, que nunca admitirá possa vir de si qualquer tentativa para retirar o tapete a Hitler, que Rommel vi pressentindo o som dos tanques aliados a aproximarem-se.
A última prova do seguidismo inconsequente de Rommel em relação a Hitler está na sua própria morte: quando o cada vez mais paranóico Fuhrer lhe manda uma cápsula de cianeto para que se suicide, será sem qualquer contestação, que ele a tomará.
Admitamos que, nesse momento, já não fosse o receio do ditador, que o tenha comandado: ele já poderia pressentir que os vencedores não iriam ser complacentes com os derrotados. E o castigo prometido constituiria um insuportável enxovalho para o antigo capitão bruscamente projectado para a condição de um dos mais fiáveis símbolos do regime...