Se os filmes dos irmãos Coen ou de Paul Thomas Anderson este ano consagrados nos Óscares, são ilustres representantes desta tendência, outros menos mediáticos não deixam de a re

«Bug», o filme de William Friedkin, rodado em 2006, não vale apenas pela notabilíssima interpretação dessa superlativa actriz, que é Ashley Judd, bem acolitada ademais pelo desempenho de Michael Shannon, mas também pelos eixos temáticos nele entrecruzados.
Numa descrição sumaríssima podemos resumir o filme ao encontro entre dois solitários num quarto de hotel, aonde se passa quase toda a trama.
Agnes vive o pesadelo de ter perdido o seu filho de seis anos, quando com ele fugia de um marido particularmente violento. Quanto a Peter cola-se-lhe à pele um síndroma de paranóia e esquizofrenia colhido nas suas comissões de serviço no Iraque, e que ele julga proveniente de experiências científicas com fins militares e aplicadas em cobaias humanas.
E é em torno dos desvarios destes personagens, que outras questões pertinentes se colocam: o que é a verdade e o que é a mentira? Até que ponto estamos dispostos a enganar-nos a nós próprios ao tornarmo-nos permeáveis a manipulações emotivas?
A incineração final corresponde a uma espécie de ritual de purificação. Mas para construir o quê sobre um cenário de terra queimada?
É uma resposta, que Friedkin não arrisca. E, por isso mesmo, o filme não abandona uma certa forma de ambiguidade, que quase se tornou na imagem de marca do realizador ao longo de toda a sua carreira.